jueves, 24 de febrero de 2011

Suplementação pré-natal de micronutrientes e função intelectual e motora em crianças de idade escolar precoce no Nepal


Suplementação pré-natal de micronutrientes e função intelectual e motora em crianças de idade escolar precoce no Nepal
 
 
São Paulo, 14 de Fevereiro de 2011
Ferro e zinco são importantes para o desenvolvimento de habilidades intelectuais e motoras. Poucos estudos avaliaram se a suplementação de ferro e de zinco durante a gestação, um período crítico de desenvolvimento do sistema nervoso central, afeta o funcionamento motor e intelectual.

Pesquisadores publicaram, recentemente, no Journal of the American Medical Association, um estudo em que avaliaram o funcionamento intelectual e motor de crianças cujas mães receberam suplementação de micronutrientes durante a gestação.

Foi realizado um estudo de coorte que acompanhou 676 crianças com idade entre sete e nove anos, entre Junho de 2007 e Abril de 2009, nascidos de mulheres que participaram em quatro de cinco grupos de um ensaio clínico comunitário, duplo cego, randomizado e controlado, sobre suplementação pré-natal de micronutrientes entre 1999 e 2001, na região rural do Nepal. As crianças do estudo também foram alocadas no grupo placebo de um ensaio clínico subseqüente sobre suplementação pré-escolar de ferro e zinco.

Mulheres cujos filhos foram acompanhados, foram randomicamente alocadas para receber diariamente ferro/ácido fólico, ferro/ácido fólico/zinco ou micronutrientes múltiplos contendo estes e outros onze micronutrientes, todos com vitamina A, versus um grupo controle de vitamina A isoladamente, desde o início da gestação até três meses após o parto. Estas crianças não receberam outra suplementação adicional de micronutrientes, exceto suplementação bianual de vitamina A.

Foram avaliados: funcionamento intelectual das crianças, avaliadas através do Teste de Inteligência Não verbal Universal (UNIT); testes de função executiva, incluindo ir/não ir, o teste de Stroop e a contagem numérica invertida; e função motora, avaliada através da Bateria de Avaliação de Movimentos (MABC) e o teste de batidas nos dedos.

A diferença de desfechos foi significativa (P ajustado por Bonferroni < 0,001) para ferro/ácido fólico versus controle, mas não para outros grupos suplementados. A média do escore UNIT T no grupo ferro/ácido fólico foi igual a 51,7 [desvio-padrão (DP) = 8,5] e no grupo controle foi igual a 48,2 (DP = 10,2), com média da diferença ajustada de 2,38 (IC95% = 0,06 – 4,70; P = 0,04). Diferenças não foram significativas entre o grupo controle e os grupos ferro/ácido fólico/zinco (0,73; IC95% = –0,95 a 2,42) ou micronutrientes múltiplos (1,00; IC95% = –0,55 a 2,56). Em testes de função executiva, os escores foram melhores no grupo ferro/ácido fólico em relação ao grupo controle para o teste de Stroop (média da diferença ajustada na proporção que falhou = –0,14; IC95% = –0,23 a –0,04) e à contagem numérica invertida (média da diferença ajustada = 0,36; IC95% = 0,01 – 0,71), mas não ao teste ir/não ir. O escore MABC foi menor (melhor) no grupo ferro/ácido fólico, comparado ao grupo controle, porém isto não se manteve após ajustamento para variáveis de confusão (diferença média = –1,47; IC95% = –3,06 a 0,12; P = 0,07). Os escores ao teste de batidas nos dedos foram maiores (diferença média = 2,05; IC95% = 0,87 – 3,24; P = 0,001) no grupo ferro/ácido fólico.

Os pesquisadores concluíram que aspectos do funcionamento intelectual incluindo memória de trabalho, controle inibitório e funcionamento motor fino na prole foram positivamente associados à suplementação pré-natal de ferro/ácido fólico na área em que a deficiência de ferro é prevalente.

Uma resenha de Prenatal micronutrient supplementation and intellectual and motor function in early school-aged children in Nepal - JAMA; 2010;304(24):2716 – 2723
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