sábado, 15 de enero de 2011

Alteração da incapacidade após internação ou atividade restrita em pacientes idosos

Alteração da incapacidade após internação ou atividade restrita em pacientes idosos
 
 
São Paulo, 09 de Dezembro de 2010
Incapacidade em pacientes idosos é um processo dinâmico altamente dinâmico e complexo, com elevadas taxas de recuperação e transições freqüentes entre os estados de incapacidade. O papel das doenças interpostas e lesões (isto é, eventos) nestas transições é incerto. Pesquisadores ligados à Faculdade de Medicina da Universidade de Yalepublicaram, recentemente, no Journal of the American Medical Association, um estudo em que avaliaram a relação entre os eventos interpostos e as transições entre estados de não incapacidade, incapacidade leve, incapacidade grave e óbito e para determinar a associação da fragilidade física a estas transições.

Foi realizado um estudo de coorte prospectivo, conduzido na grande New Haven, em Connecticut, entre Março de 1998 a Dezembro de 2008 com 754 pessoas comunitárias com idade igual ou superior a 70 anos, não portadores de incapacidades em momento basal nas quatro atividades essenciais da vida diária: tomar banho, vestir-se, caminhar e mudar de lugar. Entrevistas telefônicas foram realizadas mensalmente por mais de dez anos para avaliar incapacidade e certificar-se da exposição a eventos interpostos, que incluiu doenças e lesões que levam à internação ou à restrição da atividade. Fragilidade física (definida como velocidade da marcha > 10 segundos ao teste de caminhada rápida) foi avaliada a cada 18 meses, por 108 meses. Os principais desfechos avaliados foram as transições entre “sem incapacidade”, “incapacidade leve” e “incapacidade grave” e três transições de cada um destes estados para “óbito”, avaliados mensalmente.

Internação associou-se fortemente a oito das nove transições possíveis, com aumento das razões de risco (HR) multivariadas até 168 (IC95% = 118 – 239) para a transição de “sem incapacidade” à “incapacidade grave” e HRs diminuídas até 0,41 (IC95% = 0,30 – 0,54) para a transição de “incapacidade leve” a “sem incapacidade”. Atividade restrita também aumentou a tendência de transição de “sem incapacidade” para “incapacidade leve” ou “incapacidade grave” (HR = 2,59; IC95% = 2,23 – 3,02 e HR = 8,03; IC95% = 5,28 – 12,21), respectivamente, e de “incapacidade leve” para “incapacidade grave” (HR = 1,45; IC95% = 1,14 – 1,84), porém não se associou à recuperação de incapacidade leve ou grave. Para todas as nove transições, a presença de fragilidade física acentuou as associações dos eventos sobrepostos. Por exemplo, o risco absoluto de transição de “sem incapacidade” para “incapacidade leve” um mês após a internação para indivíduos frágeis foi igual a 34,9% (IC95% = 34,5 – 35,3%) versus 4,9% (IC95% = 4,7 – 5,1%) para indivíduos não frágeis. Entre as possíveis razões de internação, lesão relacionada a quedas conferiu a maior tendência de desenvolvimento de incapacidade nova ou piorada.

Os pesquisadores concluíram que, entre pacientes idosos, principalmente os fisicamente frágeis, doenças interpostas e lesões aumentam grandemente a tendência de desenvolvimento de incapacidade nova ou piora da incapacidade pré-existente. Apenas os eventos mais potentes, isto é, aqueles que levam à internação, reduzem a tendência de recuperação da incapacidade.

Uma resenha de Change in disability after hospitalization or restricted activity in older persons - JAMA; 2010;304(17):1919-1928

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